sábado, 14 de junho de 2014

Ônibus, empanadas e Coca-colas


Quando alguém viaja pela primeira vez para os E.U.A., ou para algum país da Europa, por exemplo, recebe esta recomendação: “não fique pensando nos preços em Real o tempo todo, senão você não vai comprar nada!”. Mas tenho uma dica – ou melhor, duas – para quem vai visitar o Uruguai: leve uma calculadora para converter SEMPRE os Pesos para Real e lembre-se que a Coca-Cola não é de graça!
No final do ano passado, eu e minha amiga Carla fomos conhecer a terra do tio Mujica. Como duas pessoas centradas, planejadas e organizadas que somos, sabíamos que no aeroporto devíamos cambiar apenas uma pequena quantia de dinheiro, só o suficiente para o transporte do aeroporto até o hotel. E assim fizemos, ou achamos que tínhamos feito.

Cada uma trocou R$ 50,00, recebemos tantas notas de volta que parecia o suficiente para chegar até o nosso destino (Um Real vale aproximadamente $ 8,00 pesos uruguaios). O pequeno detalhe é que estávamos em Montevidéu e a nossa primeira parada era em Punta Del este, uma cidade que fica em um departamento (espécie de estado uruguaio) diferente do da capital. Para chegar até lá tínhamos que pegar um ônibus de viagem. E, tudo certo, o dinheiro deu e ainda sobrou!
Já no confortável transporte, no meio da estrada, o carinha antipático e sem paciência, que falava rápido, enrolado e em espanhol, nos explicou que nosso hotel não ficava exatamente em Punta e, sim, em La Barra, e que para chegar lá a gente precisava pegar outro ônibus na rodoviária. Mas, na hora, não nem nos importamos com essa informação. A conversa com o turista brasileiro - gato e simpático – estava tão boa...
Só quando estávamos abandonadas e sozinhas no terminal (para dar um toque dramático à história) é que resolvemos pensar se o nosso dinheiro seria suficiente para a próxima passagem. Perguntamos para qualquer um que estava andando por lá (Por que ir até um guichê, né?) quanto era a passagem do outro ônibus. Era $ 20,00 pesos uruguaios. Esse foi o momento que nos desesperamos e começamos a contar as notas e moedas restantes. Ufa!! Ainda tínhamos dinheiro suficiente. E, para comemorar, fomos gastá-los!
O ônibus ainda ia demorar e a fome era grande. Resolvemos, então, fazer uma boquinha. Como somos prevenidas, antes de pedir qualquer coisa, olhamos o preço no cardápio. Fizemos contas, refizemos, pensamos, somamos, dividimos, diminuímos, multiplicamos e chegamos à conclusão que o dinheiro daria para pedir duas empanadas. E, que surpresa, era maravilhosa!! (Mais tarde elegemos essa empanada da rodoviária como a melhor de todo o Uruguai e Argentina e espalhamos isso para todo mundo que conhecemos por lá!). Era tão gostosa que merecia uma Coca-Cola para acompanhar. Uma, não, duas! Porque eu só tomo a light e a Carla a normal.
O dinheiro? Ah... esquecemos dele nesse momento! Mas a conta chegou e o valor das garrafas de Coca-Cola estava lá, sorrindo para a gente  (Enquanto as empanadas eram $ 40,00, cada garrafa de coca-cola custava $ 90 pesos uruguaios!!). Só que tivemos uma ideia ótima. “Vamos pagar com cartão de crédito.” Não aceitavam! Voltamos a contar e a recontar nossas sobras, e, como Deus ajuda turistas desorientados, conseguimos pagar tudo e ainda ficamos com exatamente $ 40,00 Pesos Uruguaios.
 Felizes e contentes, esperamos o ônibus. Não passou mais do que cinco minutos e ele chegou. Já entrando, perguntamos ao motorista para confirmar:
- Quanto é a passagem?
- $ 27,00 pesos.
DE – SES – PE – RO!
- Aceita Real?
- Só se não precisar de troco.
Nossa menor nota era de R$ 50,00.
DE – SES – PE – RO plus!
- Dólar?
- Fica $ 3,00 dólares.
Já fomos subindo e falando muito animadas
- $ 3,00 dólares para cada uma? Temos!!
O motorista olhou para a gente com uma cara de pena e raiva e, entre os dentes disse:
- Não. $ 3,00 para as duas!
Bom... o resto da viagem foi todo tranquilo. Fazíamos muitas contas (bem difíceis!) para não nos assustar com os preços, de vez em quando nos confundíamos, mas no final a gente conseguia entender.
Na volta para Montevidéu, de novo na rodoviária, com muitos pesos uruguaios, tentamos comer de novo a melhor empanada do mundo, mas a lanchonete estava fechada. Então, para fazer hora, rodamos um pouco pelo terminal e encontramos uma casa de câmbio, que estava lá o tempo todo, entre a lanchonete e a parada do ônibus... 


MÔNICA MARLI



Nenhum comentário:

Postar um comentário