Quando
alguém viaja pela primeira vez para os E.U.A., ou para algum país da Europa,
por exemplo, recebe esta recomendação: “não fique pensando nos preços em Real o
tempo todo, senão você não vai comprar nada!”. Mas tenho uma dica – ou melhor,
duas – para quem vai visitar o Uruguai: leve uma calculadora para converter
SEMPRE os Pesos para Real e lembre-se que a Coca-Cola não é de graça!
No final
do ano passado, eu e minha amiga Carla fomos conhecer a terra do tio Mujica. Como
duas pessoas centradas, planejadas e organizadas que somos, sabíamos que no
aeroporto devíamos cambiar apenas uma pequena quantia de dinheiro, só o
suficiente para o transporte do aeroporto até o hotel. E assim fizemos, ou
achamos que tínhamos feito.
Cada uma
trocou R$ 50,00, recebemos tantas notas de volta que parecia o suficiente para
chegar até o nosso destino (Um Real vale aproximadamente $ 8,00 pesos
uruguaios). O pequeno detalhe é que estávamos em Montevidéu e a nossa primeira
parada era em Punta Del este, uma cidade que fica em um departamento (espécie
de estado uruguaio) diferente do da capital. Para chegar até lá tínhamos que
pegar um ônibus de viagem. E, tudo certo, o dinheiro deu e ainda sobrou!
Já no
confortável transporte, no meio da estrada, o carinha antipático e sem
paciência, que falava rápido, enrolado e em espanhol, nos explicou que nosso
hotel não ficava exatamente em Punta e, sim, em La Barra, e que para chegar lá
a gente precisava pegar outro ônibus na rodoviária. Mas, na hora, não nem nos
importamos com essa informação. A conversa com o turista brasileiro - gato e
simpático – estava tão boa...
Só quando
estávamos abandonadas e sozinhas no terminal (para dar um toque dramático à
história) é que resolvemos pensar se o nosso dinheiro seria suficiente para a
próxima passagem. Perguntamos para qualquer um que estava andando por lá (Por
que ir até um guichê, né?) quanto era a passagem do outro ônibus. Era $ 20,00
pesos uruguaios. Esse foi o momento que nos desesperamos e começamos a contar
as notas e moedas restantes. Ufa!! Ainda tínhamos dinheiro suficiente. E, para
comemorar, fomos gastá-los!
O ônibus
ainda ia demorar e a fome era grande. Resolvemos, então, fazer uma boquinha.
Como somos prevenidas, antes de pedir qualquer coisa, olhamos o preço no
cardápio. Fizemos contas, refizemos, pensamos, somamos, dividimos, diminuímos,
multiplicamos e chegamos à conclusão que o dinheiro daria para pedir duas
empanadas. E, que surpresa, era maravilhosa!! (Mais tarde elegemos essa
empanada da rodoviária como a melhor de todo o Uruguai e Argentina e espalhamos
isso para todo mundo que conhecemos por lá!). Era tão gostosa que
merecia uma Coca-Cola para acompanhar. Uma, não, duas! Porque eu só tomo a
light e a Carla a normal.
O
dinheiro? Ah... esquecemos dele nesse momento! Mas a conta chegou e o valor das
garrafas de Coca-Cola estava lá, sorrindo para a gente (Enquanto as
empanadas eram $ 40,00, cada garrafa de coca-cola custava $ 90 pesos
uruguaios!!). Só que tivemos uma ideia
ótima. “Vamos pagar com cartão de crédito.” Não aceitavam! Voltamos a contar e
a recontar nossas sobras, e, como Deus ajuda turistas desorientados,
conseguimos pagar tudo e ainda ficamos com exatamente $ 40,00 Pesos Uruguaios.
Felizes e
contentes, esperamos o ônibus. Não passou mais do que cinco minutos e ele
chegou. Já entrando, perguntamos ao motorista para confirmar:
- Quanto
é a passagem?
DE – SES
– PE – RO!
- Aceita
Real?
- Só se
não precisar de troco.
Nossa
menor nota era de R$ 50,00.
DE – SES
– PE – RO plus!
- Dólar?
- Fica $
3,00 dólares.
Já fomos
subindo e falando muito animadas
- $ 3,00
dólares para cada uma? Temos!!
O
motorista olhou para a gente com uma cara de pena e raiva e, entre os dentes
disse:
- Não. $
3,00 para as duas!
Bom... o
resto da viagem foi todo tranquilo. Fazíamos muitas contas (bem difíceis!) para
não nos assustar com os preços, de vez em quando nos confundíamos, mas no final
a gente conseguia entender.
Na volta
para Montevidéu, de novo na rodoviária, com muitos pesos uruguaios, tentamos
comer de novo a melhor empanada do mundo, mas a lanchonete estava fechada.
Então, para fazer hora, rodamos um pouco pelo terminal e encontramos uma casa
de câmbio, que estava lá o tempo todo, entre a lanchonete e a parada do
ônibus...
MÔNICA MARLI
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