terça-feira, 25 de janeiro de 2011

PARA ONDE VÃO OS SONHOS?

Tinha um emprego, bom salário, bela casa, marido carinhoso...Acreditem, ela amava aquilo tudo. Mas, tinha dentro de si uma ventania de sons que se incomodava com a calmaria. Numa tarde de inverno, despertou um pequeno monstro: o seu maior sonho. Aquele que deixou adormecer ainda na adolescência. Em silêncio, quase sem pensar, criou a possibilidade de transformar o monstro em realidade e, por conseqüência, virar a sua vida perfeita de pernas para o ar.

Meses depois, quando o ato já tinha praticamente caído no esquecimento, recebeu um email. O bendito email viabilizava a realização do sonho de toda uma vida. O maldito email sinalizava o fim do seu pequeno mar de rosas. Como diria ao marido que um sonho de infância poderia se tornar maior do que tudo o que construíram até então? Tentou escolher no cardápio as palavras que menos o magoariam. Como se isso fosse possível. No instante em que ela acabou de dizer, teve imensa vontade de desdizer. Mas, não desdisse. Parou de respirar e esperou a reação. Ele calou-se, segurou a mão dela e ali ficaram o tempo necessário para que ele digerisse a informação. Depois de horas em silencio, ele sussurrou: “vamos aonde o seu sonho nos levar”. Por mais que ela insistisse em não acreditar em deus, achava que ele enviava sinais de sua existência de vez em quando, só para implicar. Para não pensar nisso, atribuiu ao amor a autoria do pequeno milagre. No verão seguinte, estavam os dois na sala; malas feitas, passaportes na mão; prontos para realizar um sonho. Estavam apenas esperando a chuva passar.

Era dia 13 de janeiro de 2011, em Teresópolis, região serrana do Rio. Infelizmente, para os sonhos, se a chuva passou, eles não viram.