quinta-feira, 19 de junho de 2014

Hajimemashite「初めまして」OU Prazer em conhecê-lo - JAPÃO

Fui ao Japão em Outubro de 2012. Primeira vez no Oriente. Já sabia que seria diferente. Mas, nem tanto, né? O choque cultural foi imenso. Principalmente nas pequenas coisas.
A começar pelo aeroporto. Bom, se temos o Rio Surreal, Tóquio deixa a capital fluminense no chinelo. Táxi aeroporto-centro? Só 300 dólares. A diferença é que o risco de alguém estar te roubando é zero. O preço é esse e todo mundo sabe antes do taxímetro rodar. Se você quiser, pega o táxi, se não, há alternativas.
Nem pensar!! Mesmo sendo custeado pela empresa, não ia rolar. Peguei o busão mesmo. Eram 3 linhas, cada uma seguiria um itinerário de hotéis diferente. Meu amigo comprou linha 1, eu comprei a linha 2.
No ponto, tinham 3 colunas, para que os passageiros esperassem os seus respectivos ônibus. Tudo com horário marcado, claro. E não é “em torno das 20:00” não. É papo de: Linha 1 sai às 19:57, linha 2 sai às 20:08 e linha 3 às 20:21. Bom, eu e meu amigo chegamos neste ponto, que era dividido em 3 colunas, para que os passageiros já se agrupassem de acordo com a linha em que iriam pegar. Chegamos ali, perto das 19:50. Como o ônibus dele demoraria 7 minutos para sair, fiquei na linha 1, junto com ele, batendo papo. Passou o fiscal pedindo nosso ticket. Mostrei o meu a ele e....o maluco apontou para a coluna 2, dizendo que eu deveria ficar ali, pois me ônibus era ali. Não acreditei. Não é que a coluna 2 ficasse há 100m, ou do outro lado do aeroporto não. Uma coluna era colada na outra. Não tinha ninguém no ponto da minha linha. E ainda assim, o japa insistia que meu lugar era lá e não na coluna correspondente a linha 1. Enfim. Lá fui eu. 1 metro pro lado.
No dia seguinte, o segundo choque: fui ao metrô. Não tinha UM ÚNICO papelzinho, uma sujeirinha, uma biquinha de cigarro jogada no TRILHO!!!!! Para não falar que tenho complexo de vira lata, comparemos com o metrô de NY. Já vi rato, barata, sujeira no banco de espera. Pois lá, não há um cuspe fora do lugar. Bizarro.
Um terceiro choque foi na volta do passeio. Estava com muita sacola, então resolvi pegar um táxi. Beleza, a porta do táxi abria sozinha. Mas isso era só 1 século de avanço tecnológico e não diferença cultural. Pois bem, quando fui sair, o motorista (de um táxi qualquer) saiu do seu assento, foi até a minha porta abrir para mim e perguntou se eu precisava de ajuda para mais alguma coisa. Ah!!! Quem nunca viu dessas no RJ? Podemos nos gabar da educação dos nossos taxistas.
Bom, já falei da limpeza do povo japonês. Pois, você sabe que eu não vi um único fumante ao ar livre. Existem cabines para os mesmos. Conversando com um japonês, ele me explicou: a casa do japonês pode ser super zoneada, e muitas vezes é. Mas a noção de coletivo, de que ele não pode sujar e zonear o que é de todos é uma marca da cultura local.
Por fim, o que mais me chocou. Esse mesmo japonês, que na verdade era um descendente. Na verdade, era paulistano, mas com pais japoneses, então ele não estava chutando. Ele viveu muito tempo por lá e sabia do que tava falando. Ele falou para mim e um grupo de brasileiros numa roda de bate papo: “não atravessem a rua fora da faixa”. Daí você vai se perguntar, “pô, por quê? E se tiver tudo livre?”. Pois bem. O japonês simplesmente não compreende que alguém possa atravessar fora da faixa. Se você estiver atravessando porque acha que não está vindo carro, o japa acha que aquilo que você está fazendo está correto e vai atrás de você. Se vier um carro rápido, ele não vai dar aquela corridinha, que você, brasileiro, vai dar. Isso pode causar um acidente terrível.
Enfim, é claro que quando viajamos para fora, acabamos observando apenas vantagens que um povo, uma cultura tem sobre a nossa. É óbvio que o nosso jeitinho tem suas vantagens e desvantagens. Algum jogo de cintura às vezes facilita a vida de todo mundo sem prejudicar ninguém. Mas, um pouco de ordem e regras também ajudam demais. Cabe, a cada um, saber em que tipo de lugar conseguiria se adequar melhor, na zona harmoniosa que é o Rio de Janeiro ou na ordem angustiante do Japão. Não sei responder, apenas que não há nada mais sensacional que você viajar para poder experimentar esses choques culturais. Eles nos ajudam a questionar mais a nossa própria cultura, ao mesmo tempo, nos faz aceitar a cultura dos outros melhor. Afinal, em todas elas há tanto o lado bom, quanto o ruim.  


IVO CHERMONT

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