Fui ao
Japão em Outubro de 2012. Primeira vez no Oriente. Já sabia que seria
diferente. Mas, nem tanto, né? O choque cultural foi imenso. Principalmente nas
pequenas coisas.
A começar
pelo aeroporto. Bom, se temos o Rio Surreal, Tóquio deixa a capital fluminense
no chinelo. Táxi aeroporto-centro? Só 300 dólares. A diferença é que o risco de
alguém estar te roubando é zero. O preço é esse e todo mundo sabe antes do
taxímetro rodar. Se você quiser, pega o táxi, se não, há alternativas.
Nem
pensar!! Mesmo sendo custeado pela empresa, não ia rolar. Peguei o busão mesmo.
Eram 3 linhas, cada uma seguiria um itinerário de hotéis diferente. Meu amigo
comprou linha 1, eu comprei a linha 2.
No ponto,
tinham 3 colunas, para que os passageiros esperassem os seus respectivos
ônibus. Tudo com horário marcado, claro. E não é “em torno das 20:00” não. É
papo de: Linha 1 sai às 19:57, linha 2 sai às 20:08 e linha 3 às 20:21. Bom, eu
e meu amigo chegamos neste ponto, que era dividido em 3 colunas, para que os
passageiros já se agrupassem de acordo com a linha em que iriam pegar. Chegamos
ali, perto das 19:50. Como o ônibus dele demoraria 7 minutos para sair, fiquei
na linha 1, junto com ele, batendo papo. Passou o fiscal pedindo nosso ticket.
Mostrei o meu a ele e....o maluco apontou para a coluna 2, dizendo que eu
deveria ficar ali, pois me ônibus era ali. Não acreditei. Não é que a coluna 2
ficasse há 100m, ou do outro lado do aeroporto não. Uma coluna era colada na
outra. Não tinha ninguém no ponto da minha linha. E ainda assim, o japa
insistia que meu lugar era lá e não na coluna correspondente a linha 1. Enfim.
Lá fui eu. 1 metro pro lado.
No dia
seguinte, o segundo choque: fui ao metrô. Não tinha UM ÚNICO papelzinho, uma
sujeirinha, uma biquinha de cigarro jogada no TRILHO!!!!! Para não falar que
tenho complexo de vira lata, comparemos com o metrô de NY. Já vi rato, barata,
sujeira no banco de espera. Pois lá, não há um cuspe fora do lugar. Bizarro.
Um terceiro
choque foi na volta do passeio. Estava com muita sacola, então resolvi pegar um
táxi. Beleza, a porta do táxi abria sozinha. Mas isso era só 1 século de avanço
tecnológico e não diferença cultural. Pois bem, quando fui sair, o motorista
(de um táxi qualquer) saiu do seu assento, foi até a minha porta abrir para mim
e perguntou se eu precisava de ajuda para mais alguma coisa. Ah!!! Quem nunca
viu dessas no RJ? Podemos nos gabar da educação dos nossos taxistas.
Bom, já
falei da limpeza do povo japonês. Pois, você sabe que eu não vi um único
fumante ao ar livre. Existem cabines para os mesmos. Conversando com um
japonês, ele me explicou: a casa do japonês pode ser super zoneada, e muitas
vezes é. Mas a noção de coletivo, de que ele não pode sujar e zonear o que é de
todos é uma marca da cultura local.
Por fim, o
que mais me chocou. Esse mesmo japonês, que na verdade era um descendente. Na
verdade, era paulistano, mas com pais japoneses, então ele não estava chutando.
Ele viveu muito tempo por lá e sabia do que tava falando. Ele falou para mim e
um grupo de brasileiros numa roda de bate papo: “não atravessem a rua fora da
faixa”. Daí você vai se perguntar, “pô, por quê? E se tiver tudo livre?”. Pois
bem. O japonês simplesmente não compreende que alguém possa atravessar fora da
faixa. Se você estiver atravessando porque acha que não está vindo carro, o
japa acha que aquilo que você está fazendo está correto e vai atrás de você. Se
vier um carro rápido, ele não vai dar aquela corridinha, que você, brasileiro,
vai dar. Isso pode causar um acidente terrível.
Enfim, é
claro que quando viajamos para fora, acabamos observando apenas vantagens que
um povo, uma cultura tem sobre a nossa. É óbvio que o nosso jeitinho tem suas
vantagens e desvantagens. Algum jogo de cintura às vezes facilita a vida de
todo mundo sem prejudicar ninguém. Mas, um pouco de ordem e regras também
ajudam demais. Cabe, a cada um, saber em que tipo de lugar conseguiria se
adequar melhor, na zona harmoniosa que é o Rio de Janeiro ou na ordem
angustiante do Japão. Não sei responder, apenas que não há nada mais
sensacional que você viajar para poder experimentar esses choques culturais.
Eles nos ajudam a questionar mais a nossa própria cultura, ao mesmo tempo, nos faz
aceitar a cultura dos outros melhor. Afinal, em todas elas há tanto o lado bom,
quanto o ruim.
IVO
CHERMONT
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