quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Caipira

Falta inspiração
Farta expiração
Eu piro, tu piras, ele pira...
Transpiramos
Na pira
arroz com pirão
Suspiro profundo
"vai ser gauche na vida"
Um gole de Pirassununga
é bebê, pirá e caí.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Dia em Que a "Grã-Fina das Narinas de Cadáver" passou a gostar de Futebol

Hoje acordei com o telefone aos berros. Não consegui chegar a tempo para atender. Uma mensagem!
“Oi, amiga. Programinha de meio de semana. Terça, churrascão. Vem todo mundo para cá assistir o jogo do nosso Fla. Quarta, vem todo mundo para cá fazer o enterro dos ossos e torcida contra o botafogo. Quero ver esse time bem longe da zona de classificação para a Libertadores. Ah, traz cerveja. E dois de outubro, pode marcar na agenda, vamos ao Engenhão assistir Flamengo e Botafogo. Depois me liga. Bjão”.
Achei que ainda estava sonhando. Ouvi a mensagem de novo. Como é que uma pessoa que não sabia “quem era a bola” até ontem, hoje fala com tamanha desenvoltura sobre futebol? E marca compromissos no meio da semana por causa de futebol?!
Se vocês a conhecessem iriam entender meu espanto. Para vocês terem uma noção: eu a apelidei, secretamente, de “Grã-Fina das Narinas de Cadáver”  (Personagem de Nelson Rodrigues, que entre outras coisas, não entendia nada de futebol). Fiquei preocupada com a minha grã-fina. Das duas uma: ou ela estava sendo ameaçada com uma arma na cabeça, ou ela tinha enlouquecido completamente. Liguei para ela. Ela atendeu e disse: O Nestor me traiu!
Ah! Nesta possibilidade, eu não tinha pensado. Nunca subestimei o poder de transformação que a dor nos faz ter. Mas, dessa vez fiquei surpresa. Ao invés de fritar o coração do noivo traíra e comê-lo com batatas, ela resolveu fazer um churrasco. Um não. Dois. E no meio da semana! No coração da minha amiga agora ardem duas paixões: o amor pelo Flamengo (time que o Nestor não suportava) e a aversão pelo Botafogo-do-Nestor.
Temerosa de que o coração da minha amiga sofresse mais uma contusão, eu coloquei a real: “Amiga, esse ano está muito difícil. O Flamengo não está bem na competição”. Ela respondeu: “Eu acabei de terminar um namoro de 5 anos. Não tenho mais medo de desafios. Hei de torcer, torcer até morrer!” E Confessou: “Não sei se você vai entender, mas o futebol faz eu me sentir menos sozinha!”
Entendia perfeitamente. Ótimo para mim. No jogo da minha vida, ganhei um reforço de peso. Só espero, para o bem dela, que o tempo corra rápido. E que, até o final do campeonato, o Botafogo-Do-Nestor volte a ter proporções reais na vida da minha amiga. Que seja apenas o que é: o Botafogo, e nada mais. Enquanto isso não acontece, partiu Engenhão, dia 2 de outubro! Na torcida para que a nossa estrela brilhe esse dia. Se o resultado for negativo? Bom, faz parte. (Nessas épocas de Silas, Diogo e afins faz mais parte ainda). O importante no momento é que minha amiga não se sinta solitária. E, podem acreditar,  nenhuma estrela é solitária na torcida do flamengo.

Espelho, espelho meu!


VIVER = CRESCER... DIFÍCIL?!

sábado, 25 de setembro de 2010

SEXTA 13

E que engraçado, para não dizer trágico, era sexta 13. Acreditem, nem Fantasma, Freddy kruger, Norman Bates...Nada! Nada mais aterrorizador do que um tilintar de chaves e o olhar da despedida.
No inicio desse mesmo dia, nas minhas andanças pelos canais de TV aberta, uma aula matinal: a sexta 13, astrologicamente está associada à morte. Irônico, não? Explico! É a morte, não no sentido de fim! Que loucura, é claro que é um fim, mas não um fim total e sim um fim para um novo começo. A Sexta 13 simboliza a transformação, a mudança, a vida que se renova.
Só um minuto! Quem disse que eu queria renovar alguma coisa? Eu estava lá no meio do meu filme: uma comédia romântica bem água com açúcar quando de repente a trilha sonora mudou. Eu fui jogada num filme de terror, bem naquela cena em que o mocinho está fazendo amor com a mocinha numa cabana remota... (Ah, ok, nesse tipo de filme ninguém faz amor...) Correção: estava eu trepando horrores numa cabana no meio do mato quando aquela figura de máscara veio com aquele machado maldito e assassinou o meu namoro. E eu fugi assustada para o meio da floresta. Não! Eu não quero a transformação da sexta 13! Eu quero o velho. Eu quero aquela boca, aquele beijo, aquela pele...Será que eu posso ficar aqui escondidinha, esperando a sexta-feira 13 - parte II começar? Quem sabe ele não volta à vida nessa sequência? O filme poderia se chamar: Sexta feira 13 - Parte II, o Recomeço. E Quem sabe, então, tudo volte a ser o que era antes?
O que eu estou dizendo? É sexta-feira 13 e não a “Volta dos Mortos Vivos”. Além do que, quem assiste filme de terror sabe que todos os que voltam do mundo dos mortos, voltam meio estranhos: meio zumbis, meio sonâmbulos, meio maus. Sem contar o fato de que votam feeeeios à béça.
Está bem! Entendi! É tempo de mudança e pronto! Essa é a cena em que você deve se sentir como um aluno de “Sociedade dos Poetas Mortos”. É o momento em que você sobe na cadeira para enxergar a vida por um outro ângulo. A trilha sonora é de incentivo.
Com a nona de Bethoven ao fundo, você percebe que o mundo é maior do que você imaginava. (Risos, para não chorar!) Ah, pode parar de tocar a orquestra toda. Chega de ode à alegria. A realidade do momento é: o filminho da minha vida está mais preto e branco agora e eu vou ficar um tempinho aqui, escondida na floresta, esperando a sexta 13 virar um sábado ensolarado qualquer. Enquanto isso, vou escolhendo o gênero que quero viver. Nada de romance! E definitivamente, nada de terror! Quem sabe uma aventura, daquelas que o protagonista é engraçado, charmoso e meio atrapalhado? Sim! Será divertidíssimo. Já posso até ouvir os primeiros acordes da nova trilha. Será o despontar dos primeiros raios de sol de um sábado ensolarado qualquer? “Oh, Captain, My Captain”! Aonde foi parar aquela cadeira?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quem Não Tem Copo...

Madrugada insone...
Corpo fora da cama
Luz... porta... corredor...
Corpo caminha
Luz... cozinha...
Sede? Fome?
Geladeira...
Corpo para...
Vai água mesmo.
Armário...
Corpo procura...
Copo,copo, copo
Só caneca...
Descascada...
Amarela...
De ursinho...
“O melhor tio do mundo”
Estive na "PQP" e me lembrei de você...
Só caneca...
Copo com asa...
Glup, glup, glup...
Saciado o nada...
Copo alado na pia...
Corpo caminha...
Escuro... corredor... porta
Quarto... escuro... cama
Corpo sem asas
Só caneca...
Voa pensamento...

domingo, 19 de setembro de 2010

A Louca da Casa

Nossa casa é um terreno fértil. Pensem bem: o que acontece quando se juntam sob o mesmo teto um psicólogo-ator-editor, uma radialista-atriz-roteirista, um diretor aficcionado por animação?  Um longa-metragem? Não, ainda, não. Somos três pessoas em busca. Em busca de realização, amor, felicidade, festa, trabalho, dinheiro, bons projetos, sonhos, metas...e sem dúvida, de um sinteco novo. Somos um trio de pessoas diferentes, meio parecidas, que se complementam. Sessões de terapia em grupo, sessões de cinema no Home theater do André, alguns desentendimentos (por que homem tem dificuldade de baixar a tampa da privada?), encontros noturnos para assalto coletivo à geladeira, muitos eventos, muitas conversas, muitas risadas, algum chororô (fundamental e necessário). Somos irmãos e nos damos suporte. Cada um do seu jeito.
André é a pessoa mais humana da casa, sem dúvida. Sempre doce e amigo, um eterno incentivador em todos os campos das nossas vidas. E que organização! Mas (sempre tem um mas), não gosta muito de receber críticas.
Rick um grande parceiro! Animado, pilhadíssimo, muito inteligente. Feroz nos conselhos! Sim, porque ele diz a verdade e pronto, doa a quem doer. E como dói! Ele me dá muitas injeções de realidade. Mas (sempre tem um mas) é bagunceiro!!!! Não é qualquer tipo de bagunceiro. Você conhece alguém muito bagunceiro? Pois, é, o Rick é mais.    
Eu? Vou deixar que eles falem de mim e depois eu me defendo.
Somos artistas sim! Sensíveis sim!  Escrevemos porque é preciso, escrevemos porque é necessário, escrevemos para que todas as histórias que acontecem não se transformem em pó, escrevemos porque observamos as pessoas, escrevemos porque temos muito a dizer, escrevemos porque se não a “louca da casa” nos sufocaria.
Entendam! A louca da casa não sou eu! (Talvez os meninos achem isso!) Explico: Rosa Montero, uma autora espanhola, escreveu um livro cujo título é  “A Louca da Casa”.  A louca da casa é a nossa imaginação. Achei perfeito! Nosso blog é o resultado de uma colher de sopa bem cheia de experiências próprias, com uma xícara de chá das experiências alheias; uma dose de vodka (não podia faltar); uma colher de açúcar (para adoçar a vida) e uma grande pitada de imaginação. Junte a sua louca da casa às nossas e boa jornada.