Rio de janeiro, madrugada de sábado.
Era saída de festa. Estava chovendo e não tinha taxi. ELE a
viu, do outro lado da rua, no ponto de ônibus e se sentou ao seu lado.
ELE: – Está indo para o Leblon?
Mora lá?
Ela hesitou, mas fez que sim
com a cabeça.
ELE: – Como
é seu nome?
Ela: - Olha, desculpa. Mas, eu
estou cansada e não quero conversar.
ELE sabia que Ela ainda não sabia o que
estava perdendo.
ELE: - Sabe? O caminho da minha
casa é para lá. Mas, eu vim até aqui porque eu te vi e quero conversar com
você. Então, qual é seu nome?
Ela: - Desculpa mesmo. Estou
cansada e só quero chegar em casa.
ELE pensou em tudo o que gostaria de fazer:
tocá-la, senti-la, beijá-la. A resistência da garota começou a incomodá-lo.
ELE:
- Olha, eu me desloquei para
conversar com você. E você vai conversar comigo. Qual é o seu nome? – Disse,
enfático.
Ela: - Por favor, para. Eu realmente não estou a fim.
– Disse, sem encará-lo.
ELE:
-
Você
vem lá de São Paulo para a minha cidade e não quer falar comigo? Garota, eu quero
saber seu nome, já disse. – Exigiu, calmamente.
Ela olhou para a mulher ao lado, como
quem pede socorro.
Ela: - Confundir sotaque de
mineiro com sotaque de paulista é uma insensibilidade, não acha?
A mulher ao Lado assentiu. ELE ignorou
a
Mulher ao Lado. Estava focado na outra. Ela! Podia
sentir seu cheiro. Sabia que proporcionaria a Ela uma
noite inesquecível.
ELE:
-
Você
ainda não entendeu com quem está falando. Pela última vez: Qual é seu nome,
paulistinha?
Ela permaneceu em silêncio.
ELE:- Paulista
de merda, eu estou falando com você. Qual é o seu nome? – Disse, como um
cavalheiro, sem subir um decibel do volume da voz.
Mulher
ao lado: - Você precisa ter duas qualidades básicas para
abordar uma mulher: respeito e sensibilidade. Mas, para ganhar uma mulher, você
precisa de uma coisinha que você não terá jamais: Carisma.
Ela riu. Quem essa Mulher pensava
que era? Quem eram elas para falar com ELE daquele jeito? ELE teve
que mostrar toda sua superioridade. Tirou da carteira a credencial do
Ministério Público Federal. Agora, elas sabiam com quem estavam lidando.
Ela: - Você acha que você é
melhor do que alguém por causa disso?
ELE não achava, tinha certeza. Era muito melhor.
Não só por isso. Mas, por tudo. Sentiu-se obrigado a mostrar a elas algumas
verdades. Disse-lhes, sem alterar o tom de voz, o quanto eram feias, gordas e
velhas. E completou:
ELE:
-
Vocês
estão desacatando uma autoridade pública. Não podem falar assim. Tratem de
arrumar um advogado.
Mulher
ao Lado: – Eu
sou advogada! Posso ver sua credencial de novo?
ELE sorriu triunfal e mostrou a Carteira do
Ministério Público Federal novamente.
Mulher
ao Lado: - Você
sabe que essa carteira é PROVISÓRIA, não sabe? – perguntou irônica.
O sorriso se foi. ELE chegou perto do ouvido dela
e sussurrou outra verdade inquestionável:
ELE:
-
Advogada
de merda!
Antes de partir, deixou claro para todos os presentes no
ponto de ônibus, o quão bostas, as duas mulheres eram. Olhou em volta. Teve certeza:
todos os homens concordavam com ELE. Resolveu deixar aquelas
duas pobres diabas ali e saiu andando pela chuva.
Chegou em casa com a urgência de se desfazer das roupas
molhadas e do nó no estômago. Não era raiva, mas desprezo. Despiu-se ainda
pensando na estupidez das mulheres. Incapazes de identificar sua grandeza.
Sentiu pena. Mas, o reflexo da própria imagem no espelho o fez esquecer o
episódio. Observou a própria fortaleza: músculos torneados, membro enorme,
sorriso perfeito. Decidiu naquele momento,
que da próxima vez que falasse com mulheres, não tentaria fazê-las entender.
Não falaria. Só as traria para casa, de um jeito ou de outro, e as faria sentir
a mais pura felicidade. Encantado com
própria imagem, ELE
adormeceu sem se dar conta da própria magreza. Sem se dar conta da própria feiura.
Sem se dar conta do tamanho quase microscópico do próprio pau.
Nota de rodapé: Esse texto é baseado numa história real.
Roberta Saboya
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