sábado, 19 de janeiro de 2013

UMA PEDRA NO MEIO DO CAMINHO



“No meio do caminho tinha uma pedra”. Vociferou o poeta, como se estivesse acompanhando de perto a vida dela.  Como se a alertasse, como se quisesse chamar a atenção dela para tamanha dificuldade. Pois, só ele e ela sabiam do peso da pedra no meio do caminho.  Ela estava acostumada com pedras ao longo da estrada, sabia bem desviar delas. Até então,  tinha empurrado, chutado, enxotado  todas as pedrinhas do trajeto. No entanto, agora parecia lenta, fraca, triste. Duvidou de si. A pedra se agigantou. Tomou proporções que as réguas, trenas e léguas não podiam mensurar. Gritou! Perguntou aos céus, mares, e infinitos por que tamanha injustiça: uma pedra tão grande a bloquear justo o seu caminho. Nenhuma resposta. Sentiu-se só. Fechou os olhos, abrindo caminho para a desistência que começou a percorrer manso seus poros, sua pele, seu sangue. Mas, antes que penetrasse as entranhas, ela abriu os olhos. Percebeu que não estava sozinha nem nos lados, nem dentro de si. Criou resistência para a desistência, que teve que fazer, apressada, o caminho de volta. Olhou novamente para a pedra ainda gigante. Silenciosamente, recebeu a resposta à sua pergunta. Encarou a pedra de um outro jeito, já sabendo que a única coisa maior do que a gigante era a sua capacidade de removê-la do meio do seu caminho. Respirou fundo. Não sem dificuldade, não sem esforço, realizou a tarefa que só ela no mundo poderia. E seguiu em frente, sem olhar para trás.  

Nota de Rodapé: Para Clarisse e sua força de enfrentar as pedras no caminho. 

2 comentários:

  1. Muito bonito.Esta é a realidade da vida.Muito bem retratada pela, antiga pena e hoje digitalizada pela talentosa roteirista ROBERTA.

    ResponderExcluir
  2. Pai, que legal você participando do blog. Obrigada pelos elogios. Bjos

    ResponderExcluir