“No meio do caminho tinha uma pedra”. Vociferou o poeta,
como se estivesse acompanhando de perto a vida dela. Como se a alertasse, como se quisesse chamar
a atenção dela para tamanha dificuldade. Pois, só ele e ela sabiam do peso da
pedra no meio do caminho. Ela estava
acostumada com pedras ao longo da estrada, sabia bem desviar delas. Até
então, tinha empurrado, chutado,
enxotado todas as pedrinhas do trajeto.
No entanto, agora parecia lenta, fraca, triste. Duvidou de si. A pedra se
agigantou. Tomou proporções que as réguas, trenas e léguas não podiam mensurar.
Gritou! Perguntou aos céus, mares, e infinitos por que tamanha injustiça: uma
pedra tão grande a bloquear justo o seu caminho. Nenhuma resposta. Sentiu-se
só. Fechou os olhos, abrindo caminho para a desistência que começou a percorrer
manso seus poros, sua pele, seu sangue. Mas, antes que penetrasse as entranhas,
ela abriu os olhos. Percebeu que não estava sozinha nem nos lados, nem dentro
de si. Criou resistência para a desistência, que teve que fazer, apressada, o
caminho de volta. Olhou novamente para a pedra ainda gigante. Silenciosamente,
recebeu a resposta à sua pergunta. Encarou a pedra de um outro jeito, já sabendo que a única coisa maior do que a gigante era a sua capacidade de removê-la do meio do seu caminho. Respirou fundo.
Não sem dificuldade, não sem esforço, realizou a tarefa que só ela no mundo poderia. E seguiu em frente, sem olhar para trás.
Nota de Rodapé: Para Clarisse e sua força de enfrentar as pedras no caminho.
Muito bonito.Esta é a realidade da vida.Muito bem retratada pela, antiga pena e hoje digitalizada pela talentosa roteirista ROBERTA.
ResponderExcluirPai, que legal você participando do blog. Obrigada pelos elogios. Bjos
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