sábado, 12 de janeiro de 2013

O INÍCIO...


As repetidas voltas do relógio levaram consigo o ano que havia sido peculiar. Nenhum grande amor, nenhuma grande fortuna. Mas intimamente, sabia que havia subido alguns degraus na escala de sucesso que ela própria inventara para si. Valendo-se de sua vitória particular, abriu mão das superstições que sempre lhe foram companheiras. Testemunhou o nascimento do novo ano vestida de preto, com um pequeno cogumelo de porcelana no bolso – presente dado pelos amigos austríacos que obedeciam à própria tradição de réveillon.

Sentia-se mais madura e ainda assim explorou os dias que se passaram com inocência e curiosidade quase infantis. Queria absorver cada momento, cada gosto, cada cheiro, cada alegria das experiências vividas naquela cidade tão fria quanto maravilhosa. O tempo transcorreu rápido. Já era hora de voltar. Arrumou tudo sem pensar no gosto da saudade, que mesmo antecipada, já apertava-lhe a garganta. Deixou para trás o que já não queria mais e partiu. Leve. Na mala, apenas boas lembranças, algumas roupas, e presentes. Na alma, a vontade de descobrir os acontecimentos que o novo ano reservava para si. No coração, a certeza de que um dia voltaria lá. 

Roberta Saboya

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