terça-feira, 22 de maio de 2012

Uma e Outra


Teresa e Joana trabalham no mesmo lugar. Fora isso, não tem mais nada em comum. Uma nasceu no interior, numa das paisagens mais áridas e feias que se pode imaginar, em meio a uma família populosa e de recursos escassos. A outra nasceu na capital, num dos mais belos cenários já vistos no mundo, em uma família de baixa densidade demográfica e de bons recursos. 

Uma sabia que as esperanças depositadas na sua existência eram áridas como sua terra. A outra sabia que as esperanças depositadas nela eram altas como suas possibilidades. Uma sabia que podia ser melhor do que julgavam. A outra tinha dúvidas. Enquanto uma estudava para conseguir tudo o que sonhava, a outra estudava para não decepcionar os que sonhavam por ela. Enquanto uma conquistava, a outra preenchia lacunas. E iam vivendo: uma, vencendo os desafios. A outra, fugindo deles. 

Foram apresentadas no dia em que uma realizou o sonho de ver o mar, e a outra decidiu que estava cansada de vê-lo todos os dias. Teresa e Joana seriam colegas de trabalho. Mas, uma não prestou muita atenção na outra. Estavam focadas na carreira. Uma sabia que era apenas uma pequena empresa, um degrau a mais na sua escalada para uma vida melhor. A outra sabia que era uma pequena empresa, e que talvez não tivesse competência para ir para um lugar melhor. Para uma, era uma porta que conduziria para um infinito de possibilidades; para outra era um confortável beco sem saída e nada mais.

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