Eram muito amigos. Os melhores. José
mais extrovertido e comunicativo. Vítor mais quieto e observador.
Completavam-se. Consideravam-se irmãos e sabiam que podiam sempre um contar com
o outro. Em função disso, José, emaranhado em dívidas de um negócio mal sucedido,
recorreu ao amigo.
- Vitinho, me enrolei todo. A
distribuidora anda de mal a pior. Estou atolado em dívidas e com a gravidez da
Solange as coisa ficaram pretas.
- De quanto você precisa?
O amigo não pestanejou. Tirou de sua
reserva pessoal pra imprevistos e deu ao amigo.
- Pague quando puder. Não tenha
pressa.
- Você é meu irmãozão! Pode contar
sempre com o amigo aqui.
O tempo e seu incessante movimento
fizeram a Lua e o Sol nascerem algumas vezes até o reencontro dos amigos no
aniversário de Rita, mulher de Vítor. José deu a ela um lindo colar de ouro
branco.
- Obrigado amigão. Não precisava se
preocupar tanto. Deve ter sido caro.
- Minha cunhada Vitinho. Ela merece e
além do mais as coisas estão melhorando. E olha, não esqueci a dívida não, já
te pago.
Mais luas e mais sóis. As esposas
marcaram um jantar entre casais.
- Solange está muito bonita com esse barrigão.
Quantos meses já?
- Seis.
- Nossa! O tempo passa.
- Passa mesmo e saiba que não esqueci
daquele nossa pendência. Já te pago.
E assim foi até o nascimento da filha
de José e Solange. José nunca deixava de mencionar a tal dívida. Falou dela
quando reabriu a distribuidora, quando foi mostrar seu carro novo, quando
reformou a casa, quando viajou em segunda lua de mel pela Europa e até mesmo
quando abriu uma filial da distribuidora na cidade vizinha. Falava... falava...
falava.
- Amigão. O melhor do mundo. Nunca
esqueço a dívida que tenho com você.
- Bom você tocar nesse assunto, Zé. As
coisas lá em casa não estão muito bem. A grana está curta. E como vejo que está
reestabelecido gostaria de pedir que...
- Quanto você precisa?
Interrompeu José que não exitou. Tirou
de suas reservas pessoais pra viagens internacionais e deu ao amigo.
- Pague quando puder. Não tenha pressa.
Rick Sadoco
Rick Sadoco
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