quarta-feira, 18 de maio de 2011

Cachorra!

Eram 22:29 quando ele desligou o cel. Trocaram declarações de amor e se deram "boa noite", como num dia comum. Ela estava com pressa, como sempre "atrasada" para o plantão. Eram 22:35 quando ela desceu do prédio. E não foi surpresa para ele quando a avistou de longe: toda arrumada, maquiada... inadequda para o trabalho. Ela pegou um taxi. Ele a seguiu, pois já sabia que ela não iria para o hospital.

Ela saltou na porta da boate, quinze minutos depois, confirmando todas as suspeitas dele. Ele podia largar o carro, adentrar a boate e desmascará-la. Mas, não faria. Pelo menos, não agora. Ali, ele não iria encurrala-la completamente. Ela era boa de argumento. Mas, ele decidiu que hoje ela não venceria.

De dentro do carro, ele a viu sair às 2 horas da manhã. Saiu sozinha. Ele acelerou o carro rumo à casa dela. Hoje! Confirmaria por A mais B o que no fundo já sabia. Hoje! Expremeria aquela mulher até ela cair. Hoje! Ela confessaria todos perdidos, vomitaria a coleção de mentiras. Hoje seria o dia da vingança.

Às 2 e 10 o telefone dele toca. Era a cachorra. Como era frágil aquela voz que dizia sentir saudades, como era doce a voz que dizia ter saído do trabalho só para vê-lo. Nesse momento, a raiva roubou todos os sentidos do seu corpo e da sua alma. Teve uma certeza absoluta que mataria a mulher. Entrou no apartamento dela e esperou.

Pouco tempo depois, ela apareceu: cheirosa, sem maquiagem, em trajes de trabalho...A desgraçada mentia tão bem que por um momento ele duvidou de si mesmo. Como conseguia ser tão filha da puta e tão princesa ao mesmo tempo? Admirou profundamente aquela mulher. E ficou sem ação por uma fração de segundo! Uma breve trégua, até a raiva o consumir de novo. Ele não se conteve: Pegou a cachorra e a matou. Matou de prazer e exaustão. Comeu com tanta fúria e tantas vezes que o ódio foi se diluindo a conta gotas, até jorrar no silêncio. Satisfeito, olhou para ela. Chegou a sentir pena da cadelinha linda, derrotada, deitada ao seu lado no colchão. Estava presa a ele, não importava aonde ela fosse...sempre ligaria no final da noite e voltaria para ele com o rabinho entre as pernas. "É", pensou, "ficaria com a cachorra até o dia em que não a amasse mais". Nunca se sentiu tão poderoso. Hoje! Estava vingado.

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