quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Um Ótimo Lugar para se Quebrar a Cara – ALEMANHA

O voo de ida foi maravilhoso - E olha que para mim a palavra voo nunca vem acompanhada de adjetivo positivo - mas daquela vez veio. Talvez pela mistura de exaustão resultante de um ano de trabalho sem descanso com a ansiedade de chegar e aproveitar as tão sonhadas férias. Não eram férias quaisquer. Eram férias com cerveja boa e boa companhia. Destino: Alemanha. Mais precisamente, o parque de diversões dos amantes da cerveja: a Oktoberfest.  Primeira parada: Frankfurt - cidade interessantíssima, na qual fiz uma passagem meio relâmpago.



A cervejada já começou na noite da chegada. Dia seguinte, um breve city tour. Naquela tarde encontrei um velho amigo de infância, que morava na Alemanha há anos. Viajamos de carro até Ulm, simpática cidade de construção medieval, onde nasceu Albert Einstein. Lá conheci os amigos alemães do meu amigo brasileiro e partimos rumo ao destino principal: Munique. Viajamos de carro de Ulm para lá. No meio do trajeto, entre o sono e a vigília, me dei conta do quanto andávamos macio. A estrada era um tapete. Distraidamente, olhei para o velocímetro. Na mesma hora, despertei. Estávamos a 200 km por hora. Fiquei tenso alguns segundos até me dar conta de que, com a potência daquele carro e a solidez daquele asfalto, não seria possível dirigir mais lentamente. Diferente das estradas brasileiras, as alemãs funcionavam. Aquilo sim era uma boa viagem de carro. A eficiência e organização alemãs têm muitas vantagens. Mas, para um brasileiro, carioca como eu, essas características geram certa estranheza. Aconteceu na Oktober!
Finalmente, chegamos a Munique. Mal colocamos as malas no hotel e partimos então para o pavilhão do evento.

O lugar é literalmente um parque de diversões, não só para os bêbados ou amantes comedidos das cervejas. Têm brinquedos, desfile de cavalinhos, carrossel e muito mais. Entramos felizes, que nem crianças. Na verdade, eu estava feliz à béça. Bom, voltando à eficiência e organização germânicas... o lado ruim destas características: eu quis tirar uma foto num corredor entre os bares (que mais parecem galpões) e já fui fazendo pose, mas cortaram o meu barato. Logo veio alguém do staff dizendo que não era permitido fotografar ali. “Mas, nem rapidinho?”, perguntei sorrindo. A moça fechou o sorriso e mandou que eu andasse. “É, nem rapidinho”, concluí cá com meus botões. Entramos no bar onde já tínhamos uma reserva e abrimos os trabalhos.

Brasileiro bebe bem, certo? Errado, amigo. Em comparação aos Alemães, somos bebês etílicos. Eles bebem cervejas boas, bem feitas e com um teor alcoólico alto em canecas de 1 litro. Bebem rápido e pedem mais. Não me intimidei. Acompanhei o grupo de amigos germânicos. Bebemos, rimos, bebemos, brindamos... Eu sempre algumas canecas atrás, já ligeiramente muito bêbado, continuava bebendo e brindando. Depois de duas horas no bar, tivemos que sair porque a reserva só ia até às 17 horas. E por causa da organização e estrutura germânicas não seria possível ficar nem um minuto a mais, já que outro grupo reservou a mesa para aquele horário. Ficar bebendo, em pé, sem mesa (como fazemos no Rio) era uma impossibilidade para aquele povo tão organizado, num evento tão bem estruturado. Tudo estava muito bem. A alegria, tanto etílica quanto a comum em dias de férias, estavam no ar, até que...Na saída, alguém do meu grupo esbarrou em alguém de outro grupo e uma discussão se iniciou. Quando eu percebi que os ânimos estavam muito exaltados, intervi. Como bom membro da turma do “deixa-disso” me coloquei entre dois camaradas, sem ligar para a diferença de tamanho entre eles e eu (os Alemães são gigantes) e disse (não sei em que língua) “Ah, qual é pessoal! Vamos para outro lugar, vamos beber na paz”. Foi aí que a bomba veio e apaguei.
A “Bomba” era um “delicado” soco de algum gigante bêbado. A eficiência Alemã me salvou!!! Acordei algum tempo depois com 20 pontos nos supercílio e o olho inchado. Me contaram que em segundos fui retirado do local e colocado na ambulância. Todos os procedimentos médicos foram feitos e estava tudo bem. Bem, estava tudo péssimo. Mas, bem. Não me cobraram nada na hora. Depois, descobri que fiquei devendo 42 Euros para eles. (dinheiro que devo até hoje, já que a embaixada nunca respondeu meus insistentes emails de tentativa de saldar a dívida).

Com a cara inchada, olho roxo, e dores no corpo, a viagem seguiu. Ainda passei por Berlim e por Londres, mas esta é uma outra história. Aqui vai uma lição que aprendi: “Não vale a pena tentar acompanhar o ritmo de bebelança dos germânicos!!!! Mas, se quiser tentar, vale a pena. O que pode acontecer? Uma emergência médica? Bom, se sim, aproveite! Lá, no país da organização e eficiência, é o melhor lugar para se quebrar a cara”.

De: Ivan Lobos
Escrito por: Roberta S Saboya

Nenhum comentário:

Postar um comentário