João
e Lúcia se conheceram pela internet. Paixão à primeira teclada. Lúcia não era
nada que fosse um padrão de beleza. João a mesma coisa. Trocaram fotos. Sentiram-se
seguros, ninguém omitia quem era. Falaram-se pela webcam. Fizeram sexo
virtual. Após dois meses de relação
cibernética combinaram o encontro. Estavam ansiosos. Marcaram local público,
uma praça. Já se viram de longe e constataram que nada estava diferente do
previsto. Abraçaram-se e começaram a conversar. João sentiu um cheiro em Lúcia,
algo que não imaginava. Lúcia limpou alguns perdigotos que João lhe lançava ao
falar. Beijaram-se, Lúcia mais calma e romântica, João mais afoito e fogoso.
Foram a um motel. Nus, um diante do outro, tudo continuava semelhante ao já
visto. Mas o cheiro de Lúcia ainda impressionava João. E os perdigotos de João
ainda impressionavam Lúcia. Transaram. João gostou, apesar de sentir-se
desconfortável com o odor de Lúcia. Lúcia gostou, apesar de achar que João poderia
falar menos durante o sexo para, assim, cuspir-lhe menos. No banho tudo foi
perfeito, João não sentia o cheiro de Lúcia e Lúcia não sentia os perdigotos de
João. Secaram-se. Vestiram-se. Despediram-se. Não se encotraram mais. Uma ou
duas palavras pelo chat. Preferiram ficar sós a passar a vida embaixo do chuveiro.
Rick Sadoco
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