quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

"Vai Passar"

          “Amou daquela vez, como se fosse a última”, e era. Dia 31 de dezembro, último dia do ano coroado com um sexo perfeito. Léo levantou-se,  foi tomar uma ducha e fazer a barba. “Ela se virou de lado e tentou até sorrir”, mas com o adiantar das horas, não podia perder  tempo. Luisa não queria se atrasar para a festa  de Reveillon.
         - Já acabou, Léo?
         - Já. Você sabe onde a Maria colocou meu sapato?
         - Não, amor.
         - “Todo dia ela faz tudo sempre igual”, as cuecas no lugar das meias e os meus sapatos Deus sabe onde.
        - Estão aqui. Do lado do criado.
        - Ela é muito distraída. Chega a parecer burrice, mesmo.
        - Ah, amor, “não fala de Maria”. Vamos manter as energias boas.
        -  Então, vai tomar seu banho, porque ainda tem que se maquiar. Devia ter ido antes de mim.
        - Não sei porque. Você é uma noiva. No casamento do Adriano, ficou pronto meia hora depois de mim. E olha que “eu me pintei, me pintei, me pintei, me pintei” e repintei.
        - Mas hoje só me faltam os sapatos...
        -Em vinte minutos estarei prontinha.
        Deu um beijo no namorado,entrou no banheiro e “então ela se fez bonita” .  “Os dois deram-se os braços como há muito tempo não se usava dar”, e foram, caminhando entre risos e palavras.
       - Ih. Você lembra em que rua a gente tem  que entrar. Nunca fui pra casa deles a pé.
       - Nem eu. Hahahaha. “Imagina, imagina hoje a noite a gente se perder.”
       - O máximo que vai acontecer é termos que fazer o caminho do carro.
       - É aqui.
       - Oi, amiga! Que bom que vocês chegaram. Já estão todos aqui.
       - Nossa, muita animação. Parece que todo mundo já está meio alto.
       - Vocês é que demoraram e “ a gente vai tomando que também sem a cachaça ninguém segura esse rojão”, né mesmo?  Sirvam-se,  também!
       Falaram com um ou outro e ficaram sentados, observando e esperando o alcool lhes desenibir.
      - Amor, quem é aquela minhoca mal matada ali?
      - Ah implicante, “deixa a menina sambar em paz”.
      - Aquilo não é samba. É a manguaça, “ela desatinou” isso sim.
      - “Ela é dançarina”, seu doido. É a filha do Francis, você sabe quem é.
      - O que? A filha do Francis? Mas “essa moça tá diferente” demais.
      - Menina muda muito nessa idade.
      - “Será que desperta gingando e já sai chacoalhando?”
      - Ahahaha. Para com isso. Ela tá dançando bem.
      - Bem longe do que conheço por samba.
      “Vai passar nessa avenida um samba popular, cada paralelepípedo...”
      - Ai, Chico Buarque no Reveillon?
      - Também odeio Chico Buarque. Só colocam pra falar que é cult.
      - Nossa língua tá afiada hoje. Vamos parar pra atrair boas energias.
      - É verdade. Vamos dançar. Nos juntar aos outros. “Todos juntos somos fortes” e é de força que precisamos no ano novo.
     E dançaram como se a noite não fosse mais ter fim.
     - Gente! Vai começar a contagem.
10...9...8...
    - Amor, tenho uma surpresa pra você!
    - Agora?
5...4...
    -Sim. Agora.
2...1.
    -Quer casar comigo? E fazer, não só desse ano, mas de todos, os mais felizes da minha vida?
    - Ai, amor. “Nossa, nossa. Assim você me mata”!
“ Eis que chega a roda viva e carrega” o bom gosto pra lá...

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