terça-feira, 28 de setembro de 2010

O Dia em Que a "Grã-Fina das Narinas de Cadáver" passou a gostar de Futebol

Hoje acordei com o telefone aos berros. Não consegui chegar a tempo para atender. Uma mensagem!
“Oi, amiga. Programinha de meio de semana. Terça, churrascão. Vem todo mundo para cá assistir o jogo do nosso Fla. Quarta, vem todo mundo para cá fazer o enterro dos ossos e torcida contra o botafogo. Quero ver esse time bem longe da zona de classificação para a Libertadores. Ah, traz cerveja. E dois de outubro, pode marcar na agenda, vamos ao Engenhão assistir Flamengo e Botafogo. Depois me liga. Bjão”.
Achei que ainda estava sonhando. Ouvi a mensagem de novo. Como é que uma pessoa que não sabia “quem era a bola” até ontem, hoje fala com tamanha desenvoltura sobre futebol? E marca compromissos no meio da semana por causa de futebol?!
Se vocês a conhecessem iriam entender meu espanto. Para vocês terem uma noção: eu a apelidei, secretamente, de “Grã-Fina das Narinas de Cadáver”  (Personagem de Nelson Rodrigues, que entre outras coisas, não entendia nada de futebol). Fiquei preocupada com a minha grã-fina. Das duas uma: ou ela estava sendo ameaçada com uma arma na cabeça, ou ela tinha enlouquecido completamente. Liguei para ela. Ela atendeu e disse: O Nestor me traiu!
Ah! Nesta possibilidade, eu não tinha pensado. Nunca subestimei o poder de transformação que a dor nos faz ter. Mas, dessa vez fiquei surpresa. Ao invés de fritar o coração do noivo traíra e comê-lo com batatas, ela resolveu fazer um churrasco. Um não. Dois. E no meio da semana! No coração da minha amiga agora ardem duas paixões: o amor pelo Flamengo (time que o Nestor não suportava) e a aversão pelo Botafogo-do-Nestor.
Temerosa de que o coração da minha amiga sofresse mais uma contusão, eu coloquei a real: “Amiga, esse ano está muito difícil. O Flamengo não está bem na competição”. Ela respondeu: “Eu acabei de terminar um namoro de 5 anos. Não tenho mais medo de desafios. Hei de torcer, torcer até morrer!” E Confessou: “Não sei se você vai entender, mas o futebol faz eu me sentir menos sozinha!”
Entendia perfeitamente. Ótimo para mim. No jogo da minha vida, ganhei um reforço de peso. Só espero, para o bem dela, que o tempo corra rápido. E que, até o final do campeonato, o Botafogo-Do-Nestor volte a ter proporções reais na vida da minha amiga. Que seja apenas o que é: o Botafogo, e nada mais. Enquanto isso não acontece, partiu Engenhão, dia 2 de outubro! Na torcida para que a nossa estrela brilhe esse dia. Se o resultado for negativo? Bom, faz parte. (Nessas épocas de Silas, Diogo e afins faz mais parte ainda). O importante no momento é que minha amiga não se sinta solitária. E, podem acreditar,  nenhuma estrela é solitária na torcida do flamengo.

4 comentários:

  1. mais um gol de placa de Roberta Saboya!! Excelente texto!! bjs, André

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  2. Muito obrigada, meu amigo e companheiro!!!
    Bjos,
    Roberta

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  3. Vcs são MEGA FOFOS!
    Ganharam um fã!
    Fato!
    Bjs estalados e carinhosos!!!
    Ah...o meu (blog) não é nem de perto bem-humorado como o de vcs...ah, e sou só 1, né? Faz diferença...

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  4. Meu amigo amado, Renato. Obrigada pela visita. Quero visitar seu blog tb. Vc é um, mas é tudo de bom.

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