O voo de ida foi
maravilhoso - E olha que para mim a palavra voo nunca vem acompanhada de
adjetivo positivo - mas daquela vez veio. Talvez pela mistura de exaustão
resultante de um ano de trabalho sem descanso com a ansiedade de chegar e
aproveitar as tão sonhadas férias. Não eram férias quaisquer. Eram férias com
cerveja boa e boa companhia. Destino: Alemanha.
Mais precisamente, o parque de diversões dos amantes da cerveja: a Oktoberfest. Primeira parada: Frankfurt - cidade interessantíssima, na qual fiz uma passagem meio
relâmpago.
O lugar é literalmente um
parque de diversões, não só para os bêbados ou amantes comedidos das cervejas.
Têm brinquedos, desfile de cavalinhos, carrossel e muito mais. Entramos
felizes, que nem crianças. Na verdade, eu estava feliz à béça. Bom, voltando à
eficiência e organização germânicas... o lado ruim destas características: eu
quis tirar uma foto num corredor entre os bares (que mais parecem galpões) e já
fui fazendo pose, mas cortaram o meu barato. Logo veio alguém do staff dizendo
que não era permitido fotografar ali. “Mas, nem rapidinho?”, perguntei
sorrindo. A moça fechou o sorriso e mandou que eu andasse. “É, nem rapidinho”,
concluí cá com meus botões. Entramos no bar onde já tínhamos uma reserva e
abrimos os trabalhos.
Brasileiro bebe bem,
certo? Errado, amigo. Em comparação aos Alemães, somos bebês etílicos. Eles
bebem cervejas boas, bem feitas e com um teor alcoólico alto em canecas de 1
litro. Bebem rápido e pedem mais. Não me intimidei. Acompanhei o grupo de
amigos germânicos. Bebemos, rimos, bebemos, brindamos... Eu sempre algumas
canecas atrás, já ligeiramente muito bêbado, continuava bebendo e brindando. Depois
de duas horas no bar, tivemos que sair porque a reserva só ia até às 17 horas.
E por causa da organização e estrutura germânicas não seria possível ficar nem
um minuto a mais, já que outro grupo reservou a mesa para aquele horário. Ficar
bebendo, em pé, sem mesa (como fazemos no Rio) era uma impossibilidade para
aquele povo tão organizado, num evento tão bem estruturado. Tudo estava muito
bem. A alegria, tanto etílica quanto a comum em dias de férias, estavam no ar,
até que...Na saída, alguém do meu grupo esbarrou em alguém de outro grupo e uma
discussão se iniciou. Quando eu percebi que os ânimos estavam muito exaltados,
intervi. Como bom membro da turma do “deixa-disso” me coloquei entre dois
camaradas, sem ligar para a diferença de tamanho entre eles e eu (os Alemães
são gigantes) e disse (não sei em que língua) “Ah, qual é pessoal! Vamos para
outro lugar, vamos beber na paz”. Foi aí que a bomba veio e apaguei.
A “Bomba” era um “delicado”
soco de algum gigante bêbado. A eficiência Alemã me salvou!!! Acordei algum
tempo depois com 20 pontos nos supercílio e o olho inchado. Me contaram que em
segundos fui retirado do local e colocado na ambulância. Todos os procedimentos
médicos foram feitos e estava tudo bem. Bem, estava tudo péssimo. Mas, bem. Não
me cobraram nada na hora. Depois, descobri que fiquei devendo 42 Euros para
eles. (dinheiro que devo até hoje, já que a embaixada nunca respondeu meus
insistentes emails de tentativa de saldar a dívida).
Com a cara inchada,
olho roxo, e dores no corpo, a viagem seguiu. Ainda passei por Berlim e por
Londres, mas esta é uma outra história. Aqui vai uma lição que aprendi: “Não vale
a pena tentar acompanhar o ritmo de bebelança dos germânicos!!!! Mas, se quiser
tentar, vale a pena. O que pode acontecer? Uma emergência médica? Bom, se sim,
aproveite! Lá, no país da organização e eficiência, é o melhor lugar para se
quebrar a cara”.
De: Ivan Lobos
Escrito por: Roberta S Saboya